Fundado em novembro de 2004 e coordenado pelo Prof. Dr. Ronald Beline Mendes, o Grupo de Estudos e Pesquisa em Sociolinguística (GESOL-USP) se dedica ao estudo da língua em uso a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV 1972, 2006 [1966]).
Desde 2009, o grupo tem se dedicado à organização e à análise de amostras de fala na cidade de São Paulo e em outras localidades (Campo Grande-MS, Itanhandu-MG, São Luís-MA, entre outras), a fim de descrever o encaixamento linguístico e social da variação linguística em diferentes variedades do português brasileiro. Tais estudos partem da premissa de que a variação linguística faz parte da competência comunicativa dos falantes, e que a sua descrição e análise conduzem não apenas à compreensão de processos de mudança linguística, mas também das identidades sociais que se estabelecem através de usos linguísticos por falantes em seu cotidiano.
Com o objetivo de ampliar o desenvolvimento de trabalhos sociolinguísticos, o Projeto SP2010 disponibiliza parte das amostras coletadas para a comunidade. É senso comum entre os membros do grupo que o compartilhamento de materiais de análise sociolinguística deve conduzir à disseminação desses trabalhos e ao seu aprimoramento, através de uma rede de pesquisadores, docentes e estudantes. Tais materiais devem propiciar o desenvolvimento de estudos sobre novas variáveis sociolinguísticas, bem como a comparação de resultados com aqueles obtidos em outras comunidades, levando a uma compreensão mais abrangente dos fenômenos pesquisados. A disponibilização desses materiais, naturalmente, cerca-se de certos cuidados para com os informantes-colaboradores, como a anonimização de seus dados pessoais e certo controle de acesso às gravações.
A análise desses materiais vem produzindo um rico material científico sobre fenômenos linguísticos variáveis, em pesquisas concluídas e em desenvolvimento, cujos resultados se encontram disponíveis aqui. Para citar apenas alguns, já se desenvolveram estudos sobre a pronúncia variável de (-r) em coda silábica (como em “porta” e “mulher”), a ditongação de /e/ nasal (como em “entendo” e “fazenda”), o desvozeamento de vogais pós-tônicas, estruturas de negação (“não sei”, “não sei não”, “sei não”), a concordância nominal (“as casas” vs. “as casa”) e a concordância verbal (“eles falam” vs. “eles fala”).
São também objetivos do GESOL-USP ampliar as amostras que se disponibilizam neste portal ao longo dos próximos anos, bem como desenvolver novos estudos sociolinguísticos sobre o português paulistano e outras variedades. Em especial, encontram-se na agenda de pesquisa do grupo de estudos a descrição e a análise da fala de diferentes grupos de migrantes na cidade de São Paulo, que contribuem para a sua diversidade sociodemográfica e cultural; diferentes comunidades de práticas dentro da cidade, que possam revelar o dinamismo dos usos linguísticos pelos falantes em seu cotidiano; diferentes comunidades na Grande São Paulo, que convivem e transitam diaramente na Região Metropolitana; e padrões de usos linguísticos em outras localidades, a fim de comparar especificidades e generalidades do português.